Pai e filho frequentam a mesma turma na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, são finalistas e preparam-se para se tornarem engenheiros, depois de três anos de total cumplicidade e completa partilha. "Só não partilhamos as propinas, que essas sou quem pago pelos dois. De resto, partilhamos tudo, desde livros, fotocópias, viagens e horas de estudo", disse, à Lusa, o aluno pai, Manuel Carlos Baptista, de 57 anos de idade. Manuel Carlos é finalista do Curso de Engenharia Agronómica, o mesmo acontecendo com o seu filho Luís, de 20 anos. A única diferença é que o pai está no ramo "Espaços Verdes", enquanto o filho optou pela "Zootecnia". "Mas, na esmagadora maioria das cadeiras, partilhamos os mesmos bancos de escola, uma experiência que, para mim, tem sido fantástica", conta Manuel Carlos. Um entusiasmo igualmente comungado pelo filho, apesar de, como admitiu com algum humor, a presença constante do pai não o deixar "pôr o pé em ramo verde". "É claro que com ele ao pé de mim, tenho que me comportar um bocadinho melhor", refere, entre uma gargalhada. Manuel Carlos trabalha desde 1972 no Parque Nacional da Peneda-Gerês, sendo actualmente técnico agrícola na área florestal, embora a sua especialidade seja a apicultura. "Muitas vezes, faço serviço de nível bem superior às minhas habilitações, sem daí retirar qualquer proveito financeiro, no final do mês, e essa foi uma das razões que me fizeram voltar à escola", confessa. Na sua adolescência, tirou apenas o equivalente ao actual 9º ano de escolaridade, mas há uns anos atrás decidiu voltar a pegar nos livros, concluiu o 12º, concorreu ao ensino superior, conseguiu entrar e agora está "a um passo" de se tornar engenheiro. "Será a concretização de um sonho. Quando era pequeno, via o meu padrinho, que era engenheiro agrónomo, a fazer vinhos e sempre quis um dia ser como ele", acrescenta. O filho Luís quer criar a sua exploração de caprinos e bovinos, esperando poder continuar a contar com a ajuda do pai para concretizar o seu objectivo. Para já, a hora é de pai e filho se ajudarem mutuamente, porque o curso está a acabar e "o rabo é sempre mais ruim de esfolar". "Nas matemáticas e físicas, eu estou mais à vontade e ajudo o meu pai. Naquelas matérias mais práticas, é ele que me ajuda a mim", refere Luís Baptista. In Jornal de Notícias, 24 Maio 2009 Ponte de Lima: Pai e filho na mesma turma, finalistas de engenharia e partilham tudo... menos as propinas in Correio do Minho, 23 Maio 2009   Pai e filho finalistas de engenharia na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima In Diário do Minho, 24 de Maio de 2009