OS JOVENS E O ALCOOLISMO

O QUE É O ALCOOLISMO?
O álcool é uma droga depressora. Quando ingerido em quantidades excessivas durante um espaço prolongado de tempo, tem o nome de alcoolismo.

PARA ONDE VAI O ÁLCOOL QUE BEBES?
Chamamos bebidas alcoólicas àquelas que, como o nome indica, contêm álcool na sua composição. O problema é que o álcool destas bebidas é o álcool vulgar que consegues encontrar nas farmácias (álcool etílico ou etanol), portanto, sem qualquer valor nutritivo.
O álcool contido nas bebidas alcoólicas é exprimido através de graus e varia de acordo com cada bebida. Por exemplo, uma cerveja tem significativamente menos álcool que um whisky.
Então, quando consomes uma bebida alcoólica, o álcool que esta contém vai através da boca e do esófago para o estômago e para o intestino, sendo aqui absorvido pelo sangue. Daqui, vai para todos os órgãos irrigados do corpo humano, nomeadamente para os órgãos vitais do teu corpo, tais como o fígado, os pulmões, o coração, o cérebro.
Os efeitos do álcool no teu corpo dependem da sua concentração no sangue. Assim, se houver uma ingestão excessiva de bebidas alcoólicas ocorre o estado de embriaguez. Quando essa ingestão é, além de excessiva, frequente, isto é, quando o indivíduo ingere excessivamente, bebidas alcoólicas diariamente, poderá originar uma situação de alcoolismo crónico.
No caso do alcoolismo crónico, há um efeito tóxico contínuo sobre o organismo, que poderá acarretar graves problemas de saúde, tanto a nível físico, como a nível mental e psicológico.
O consumo excessivo de álcool, mesmo quando não assume a gravidade do alcoolismo crónico, é sempre perigoso.

ALCOOLISMO NOS JOVENS
O consumo excessivo de álcool na população jovem começa a ser considerado uma realidade bastante preocupante, uma vez que estudos feitos denotam que cada vez mais, os jovens são incluídos, em taxas elevadas, no grupo de indivíduos consumidores excessivos de álcool.
De acordo com um estudo de 2002 sobre “os jovens portugueses e o álcool”, nos últimos anos, os consumos têm aumentado significativamente junto da população juvenil.
As taxas de consumo elevado de álcool entre os adolescentes e estudantes do ensino secundário e universitário assim como a condução sob efeito de álcool, consumo de tabaco e drogas ilícitas, estão em ascensão o que pode ser considerado como uma situação preocupante para a saúde dos jovens portugueses. Sabe-se que o consumo de álcool aumenta no início da vida universitária, mas o alto consumo de álcool não é um hábito predominantemente adquirido na universidade, mas sim durante todo o percurso escolar.

QUAL A REALIDADE EM PORTUGAL?
Dados internacionais revelam que Portugal é o sétimo país consumidor de álcool a nível mundial. O nosso país alberga cerca de 600 mil alcoólicos e 750 mil bebedores excessivos.
Estudos feitos nos últimos anos, afirmam que os jovens portugueses começam a beber, em média, aos 13 anos, facto que aumenta em 50% o risco de dependência alcoólica para toda a vida. A cada ano de consumo antes dos 18 anos aumenta em cerca de 10% o risco de alcoolismo.
Outra das grandes preocupações dos especialistas foca-se no chamado “binge drinking”, que se caracteriza por beber muito num curto período de tempo, que infelizmente é cada vez mais uma realidade na vida dos jovens portugueses, que se deixam levar pelo mito que beber grandes quantidades, apenas em situações ocasionais não poderá provocar dependência. “Há uma tendência para se tolerar o consumo ocasional, onde não se pensa nas consequências futuras e que a longo prazo podem levar à adição” diz Miguel Lago, autor de um estudo da Cruz Vermelha Portuguesa relacionado com o abuso de álcool pelos jovens.
A ideia de que o álcool é um flagelo da população masculina é está completamente desactualizada. Actualmente um dos fenómenos mais graves na Europa é a chamada feminilização do alcoolismo, isto é, as raparigas estão a aumentar o seu consumo, atingindo neste momento taxas de consumo tão levadas como as dos rapazes.

RAZÕES QUE LEVAM AO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL
Um estudo realizado pela BBC em 1341 jovens entre os 16 e os 35 anos, revela que os jovens europeus abusam do álcool como parte estratégica deliberada para melhorar a sua vida sexual. Os resultados desta pesquisa, mostram que um terço dos homens e 23% das mulheres confessam beber álcool para aumentar as suas hipóteses de ter uma relação sexual. Outro estudo, publicado pela revista científica BMC Public Health, sugere ainda que os jovens estão mais sujeitos a manter relações sexuais sem protecção quando estão sob o efeito do álcool ou outras drogas.
Segundo o Expresso, na noite de Lisboa o consumo de álcool aumentou desde que a lei do tabaco entrou em vigor.
Razões dadas por jovens "A sociedade é muito opressora, e a bebida alivia-me" (Masculino, 23 anos)
“A bebida torna a vida mais fácil. Tu ficas mais desinibido com as pessoas que não conheces. Fazes o que te apetece. Ficas mais à vontade perto dos rapazes.” (Feminino, 17 anos)
“Gosto de cerveja porque é refrescante. Quando quero ficar bêbada, bebo tequila” (Feminino, 17 anos)
“Bebo por uma questão social. Fui-me habituando a beber e a gostar. Se uma pessoa não bebe, não faz sentido nenhum ir a um bar ou a uma festa. Fica-se sem vida social”. (Feminino, 23 anos)
“Bebo porque fico mais extrovertido e comunicativo. Se não bebesse, não iria a bares e ia ter muito menos opções para me divertir”. (Masculino, 15 anos)
“É uma experiência de vida importante. É bom apanhar uma bebedeira de vez em quando, porque fazes coisas que nunca farias normalmente, sais do teu mundo habitual”. (Masculino, 17 anos).

MITOS SOBRE O ALCOOLISMO
Ao longo dos anos, foram sendo construídos alguns mitos e outras tantas mentiras sobre os efeitos do álcool no organismo humano.
Assim, e a contrário do que se pensou durante bastante tempo,
O álcool não aquece – o sangue do nosso corpo está a uma temperatura constante que ronda os 37 graus, quase sempre superior à temperatura ambiente.
O álcool não dá força – este tem um efeito estimulante e anestesiante, que ilude os indivíduos de um aumento de forças. No entanto, mais tarde o organismo irá gastar mais energias para “queimar” o álcool, e aí, a pessoa sente-se completamente sem forças.
O álcool não alimenta – este produz calorias para os músculos, que são completamente inúteis para o funcionamento das células. Daí que o álcool não tem qualquer valor nutritivo.
O álcool não mata a sede – na realidade, este leva à perda da água existente no organismo. Portanto, quando tiveres sede, nada melhor que água. Pura e fresca.

EXEMPLO REAL – “SE CONDUZIRES NÃO BEBAS”
Era uma vez uma jovem venezuelana de 20 anos de nome Jacqueline Saburido. Tal como acontece contigo e com a maioria dos jovens, também ela gostava de sair à noite e divertir-se com amigos. E, tanto quanto eu sei, isso nunca prejudicou ninguém...
A 19 de Setembro de 1999 porém, as coisas foram diferentes. Estava Jacqueline no carro, de regresso a casa, depois de uma festa de aniversário, com os amigos quando tudo aconteceu. Um automóvel, conduzido por um jovem alcoolizado, embateu frontalmente com o carro onde Jacqueline e seus amigos iam. Dois deles tiveram morte imediata e os restantes três foram levados para o hospital em estado considerado muito grave.
O carro, rapidamente incendiou com Jacqueline ainda no seu interior. Em chamas, ela gritou durante aquilo que pareceu uma eternidade, mas foram na realidade, 45 segundos. Depois veio o silêncio. Todos pensaram que tinha morrido…mas não. Jacqueline chegou ao hospital quase sem vida. Sofreu queimaduras em mais de 60% do seu corpo. O seu cabelo desapareceu. As suas orelhas e nariz desapareceram. Os seus olhos estavam queimados. Ela estava quase cega. Os dedos de suas mãos foram amputados. A dor foi indescritível e constante. Jacqueline passou meses no hospital.
Esta jovem sofreu danos irrecuperáveis e ficou com marcas que a acompanharão para o resto da vida. Em apenas uns segundos a sua vida mudou drasticamente, sem que ela tivesse qualquer forma de alterar o rumo da situação.
Reggie Stephey, o jovem que conduzia o automóvel que provocou o acidente, foi julgado e condenado pela morte de duas pessoas. Vive e viverá sempre acompanhado pelo remorso do que sucedeu. O arrependimento é importante, mas será que ele vai fazer alguma coisa para melhorar a vida desta jovem?
Anos mais tarde, a luta de Jacqueline continua. Já foi submetida a mais de 50 operações e teve de se afastar dos amigos e família e mudou-se definitivamente para os Estados Unidos da América, na companhia do pai, para assim ter acesso aos cuidados de saúde que necessita.
Este é apenas um relato de UMA situação. Quantas mais existirão?
Não acontece apenas aos outros.Pode acontecer contigo.Toma uma atitude.
Informa-te.Pede ajuda.