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Centros Históricos
INOVAR NA GESTÃO DOS CENTROS HISTÓRICOS

IPVC parceiro do Projecto "Rede de Gestão de Centros Históricos no Minho-Lima"

Promovido pelo CEVAL, Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho, decorreu na passada sexta-feira em Viana do Castelo um seminário subordinado ao tema "Centros Históricos: Inovar na Gestão", que procurou fomentar o debate, a reflexão e a partilha de perspectivas de diferentes actores sociais sobre a problemática da Gestão dos Centros Históricos enquanto parte fulcral das urbes, portanto, da vida nas nossas cidades, do seu território envolvente e dos seus cidadãos.

Este seminário constituiu-se como o corolário público do projecto "Rede de Gestão de Centros Históricos no Minho-Lima", inserido na tipologia Medida 2.5 Acções Integradas de Base Territorial, Empregabilidade do Programa Operacional da Região do Norte, gerido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional da Região do Norte (CCDR-N). Contando com as parcerias das Associações Empresariais da região (ACIAB, AEPL, AEVC, ACICMM), em colaboração com as empresas Exertus Consultores e a ANOP, Associação Nacional de Oficinais de Projecto em associação com a Universidade do Minho e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo [IPVC], foram animadas diversas iniciativas ao longo de 24 meses em todo o distrito de Viana do Castelo, envolvendo formação com mais de 350 pessoas num volume de formação total que supera as 55 mil horas.

 

A Nova Cidade
Estruturado em 3 painéis temáticos, o seminário procurou uma aproximação progressiva, do tipo zoom in, do geral ao particular. O ponto de vista de partida foi, numa macro escala, concentrado no Território e as Cidades.

Neste primeiro painel, moderado pelo Presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Professor Rui Teixeira, contou-se com a intervenção do Eng.º José Maria Costa, vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, do vereador do Urbanismo, Júlio Mendes, da Câmara Municipal de Guimarães e ainda com o professor José Mendes da Universidade do Minho.

 A última intervenção centrou-se em torno da concepção das cidades como Front-End of  Innovation, permitindo concluir que  o  paradigma de actuação das cidades é hoje diferente, mais exigente e competitivo, emerge, portanto  a necessidade de uma gestão articulada do espaço urbano comum, da urbe.

Se até aqui a recuperação integrada dos Centros Urbanos constitui uma das preocupações mais importantes da intervenção de numerosos agentes e instituições públicas e privadas, originando a adopção de políticas em benefício dos espaços públicos e comerciais, de que recordamos os programas PROCOM, o URBCOM e, mais recentemente, o programa Polis, a atenção deve agora ser progressivamente desviada para intervenções a nível do intangível, colocar a vida, nas suas múltiplas vertentes e riqueza, no topo das prioridades de acção.

Apesar de cada cidade oferecer espaços onde convergem diferentes valências, como o património edificado - histórico, artístico e monumental - o comércio e os serviços, o turismo e o lazer; representando um símbolo de identidade e cultura, é ainda notória a falta de um novo enfoque que seja capaz de integrar a complexidade dessas valências. Caracterizado pela multidisciplinariedade e estrategicamente orientado, ser capaz de contemplar projectos de partenariado público -privado e de alavancagem urbanística e comercial, proporcionando viabilidade e desenvolvimento sustentável a esses espaços.

Muitas vezes, o elo que une os antigos centros à cidade nova é constituído pelos valores patrimoniais. Os Centros Históricos constituem aquilo que torna as cidades verdadeiramente diferentes umas das outras e congregam em si os elementos e os valores que fazem apelo ao espírito de pertença das populações (por vezes de territórios muito mais vastos que a cidade). Contêm edifícios e elementos simbólicos, nomeadamente religiosos e relacionados com o exercício do poder, e são, para além disso, o elo de ligação ao património imaterial, no fundo representam a sacralização do espaço para os seus residentes.

A complexidade e importância da gestão dos Centros Urbanos é tal, que não pode ser levada a cabo de maneira isolada ou independente e, em alguns casos, de forma descoordenada entre os parceiros com responsabilidades.

Mercado e Consumidor
O segundo painel estruturou-se a partir de uma ideia simples, mas bem clara: o comércio não é um elemento meramente «decorativo» e culturalmente neutro das vilas e cidades; pelo contrário, constitui-se como com­ponente essencial da memória colectiva e da cultura, estando no cerne das políticas de desenvolvimento urbano, em especial na articulação entre a tradição urbana, com a sua identidade própria, e os novos padrões de vida e de consumo, crescentemente uniformizados.

Nesta fase apelou-se ao estudo de caso: Londres e Barcelona. Jace Tyrell, gestor de marketing da West End Company, empresa que actua no coração da cidade de Londres, enfatizou a necessidade de criar uma gestão global e articulada sobre a actividade comercial e o urbanismo. Trata-se de dotar os espaços públicos com características capazes de atrair o consumidor. O acto de comprar, mais que um conceito puramente comercial, se transformou num momento de experiências e vivências únicas. A sociedade transformou-se: de uma época consumista passou-se ao prazer da compra, comprar associado ao momento, pelo que é indissociável a actividade económica propriamente dita do conceito de cidade, da sua paisagem, do seu ambiente, da sua capacidade de gerar diversas experiências.

Por seu lado, Albert Gonzalez, Director Comércio e Consumo da Câmara de Barcelona, salientou a interacção virtuosa entre o comércio e o turismo no desenvolvimento das cidades, actividades ambas dependentes da capacidade de atracção e retenção de visitantes. É necessário, deste modo, conhecer muito bem o mercado e o consumidor para pensar em conjunto a oferta da cidade.

Sendo certo que são duas metrópoles de dimensão não comparável a qualquer uma do Minho-Lima, verifica-se, no entanto, que a partilha de problemas comuns e a tentativa de sua resolução por vias diversas enriquece seguramente o debate actual sobre os grandes desafios das nossas urbes.

Por fim, a professora Margarida Pereira da Universidade Nova de Lisboa, reflecte sobre como gerir, num contexto de incerteza, um centro de cidade como centro de comércio. Decidir e agir em contexto de incerteza exige uma atitude pró-activa, concertação entre actores e ferramentas próprias de actuação, que sejam marcadas pela agilidade de resposta. Defende, deste modo, uma abordagem integrada, isto é, que os instrumentos de planeamento têm de integrar o comércio como uma função fundamental do espaço urbano, com necessidades próprias de instalação e funcionamento. Mas a natureza daqueles planos exige uma reflexão mais ágil, logo não se propõe novos instrumentos, mas sobretudo mecanismos que assegurem uma nova leitura, concertação e acção, como sejam:

  • As cartas estratégicas de comércio;
  • A introdução da cultura da avaliação (monitorização);
  • Um plano de acção permanente;
  • Estrutura de gestão pró-activa.

A valorização dos Centros Históricos passa, entre outras dinâmicas, pela interiorização junto dos agentes intervenientes que estamos perante uma nova oferta, mais integradora, que ultrapassa os modelos puramente economicistas, que não vende apenas bens e serviços, mas acima de tudo propõe emoções, satisfação e fruição em espaço urbano e sua envolvente paisagística.

 

Gestão Centros Históricos
O terceiro painel foi dedicado à questão da Gestão de Centros Históricos. Moderado pelo professor Rui Ramos, da Universidade do Minho e coordenador da Pós-graduação em Gestão em Centros Históricos inserida neste projecto, contou com as experiências de Councillor Reggie Jones e Alexander Melbourne, responsável Gabinete Apoio ao Centros Histórico Chester, Inglaterra, de Andrew Mawhinney, Gestor de Centro Histórico de Limerick, Irlanda, e Manuela Oliveira, Directora Departamento Centro Histórico, Património e Cultura, Câmara Municipal de Évora.

Pretendemos um espaço aberto e multidisciplinar que faculte e permita uma visão sistémico -integradora da problemática de gestão dos Centros Urbanos, enquanto vectores estratégicos da actividade económico-empresarial das regiões, permitindo a sua articulação em rede de complementaridades, numa perspectiva diferenciadora e competitiva relativamente a outras regiões.

Do quadro lógico da filosofia do urbanismo comercial aplicada aos Centros Históricos das cidades projectam-se dois princípios fundamentais: o da articula­ção/interdependência entre o ordenamento espacial urbano e a organização da oferta comercial e o da necessidade de políticas integradas objectivadas numa perma­nência de factores de dinamização colectiva. Gerir deve ser, acima de tudo, a materialização destes princípios e nunca um «ele­mento» burocratizador do sistema ou um factor conflituante na procura de competências próprias. Daí que a gestão só poderá resultar de uma acção concerta­da entre autarquias (Câmaras Municipais) e comerciantes (Associações) e se for capaz de promover um diálogo constante entre todos os agentes envolvidos, estabelecendo consensos e projectando iniciativas de inequívoco interesse colectivo na área de intervenção.

Desde os estudos realizados até à concretização plena das acções, existe uma distância considerável a percorrer, quer ao nível da coerência entre as várias iniciativas, quer ao nível da mobi­lização dos vários intervenientes. A gestão integrada tem por primeira missão assegurar que as várias acções a desenvolver consubstanciam o projecto que foi previamente definido para a área de intervenção. Para isso ser possível, importa reforçar a consciência nas empresas de que o suces­so individual está intrinsecamente associado a uma revitalização colectiva de que todos são parte (o exemplo dos centros comerciais aí está para o demonstrar).

A interiorização do conceito de urbanidade não perdendo as raízes do Minho-Lima é um elemento diferenciador, que valoriza e potencia os seus Centros Históricos. A identidade cultural das suas gentes, da paisagem, da História comum, constitui em um factor adicional que acrescenta aspectos predominantemente intangíveis e muito contribuem para valorização dos Centros Históricos. Importa, alicerçados no capital humano, constituir uma verdadeira rede de Centros Históricos, em que o elo mais forte seja o das pessoas intervenientes, quer constituídas em entidades, públicas ou privadas, ou como residentes e transeuntes. Neste ponto será determinante o reforço das parcerias e cooperação.

No final deste evento, apesar de ser o seminário final do projecto Rede de Gestão de Centros Históricos no Minho-Lima, fica lançado o desafio da continuidade. Este é o ponto de partida para muitas outras dinâmicas a desencadear. Aproveite-se esta janela de oportunidades que parece abrir-se!

Fonte: CEVAL

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