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Cartaz de arte comtemporânea
Projecto de Arte Contemporânea

ENTREVISTA

Alexandre A. R. Costa (director do projecto) deu uma entrevista (a primeira) sobre a edição deste ano a Helder Dias da Universidade Católica-Artes Digitais.

Fica aqui o registo ou poderá consultar o seu conteúdo em:
http://artes.ucp.pt/artes_digitais/index.php/entrevistas/265-entrevista-a-alexandre-a-r-costa-por-helder-dias-2008

HD: Inicio a entrevista perguntando-te qual a vertente dominante no I.M.A.N. 08. Intermedia, Multimedia, Acção ou Nada?"
AARC: O IMAN é um projecto que se refere a sistemas complexos e dinâmicos, poderemos dizer que se dedica a ser uma plataforma laboratorial sobre e sob o ponto de vista de uma entropia da prática artística... um género de ponto de intersecção a partir de vários outros e onde se processam dados do(s) próprio(s) sistema(s) da arte contemporânea. O processo aqui é encarado como algo importante, numa perspectiva de entendimento sobre tempo e a implicação que há deste sobre o carácter de transmutação da obra... Não se descura entretanto o trabalho oficinal no seu sentido tradicional do termo, porém percebê-lo como algo que terá a capacidade e possibilidade indeterminada de reconstrução permanente dos seus próprios processos é uma questão pertinente. O IMAN será todo um processo metodológico, de investigação, de trabalho de campo, de laboratório sobre a prática artística contemporânea que se reveja numa vertente dissipativa, aberta, entrópica na sua génese e implicando as tecnologias e o artista (elemento regulador) como mediadores entre este processo dinâmico, o contexto social e o cultural.

HD: Mais uma. Qual o feedback que tens tido com a internacionalização do I.M.A.N.?
AARC: Output-Input-Output-Input...estamos perante a construção de um pequeno sistema de interacção que se poderá tornar mais complexo e interessante...há em Berlim particularmente sérias probabilidades de se estabelecerem sinergias mais intensas, mas dependerá no futuro de uma série de intervenientes que se têm perspectivado e de alguns apoios que seriam extremamente importantes.
Até ao momento posso afirmar que há algum interesse por parte de públicos especializados de Berlim naquilo que se vai propondo a partir deste projecto...
Quanto às parcerias que já se desenvolveram, a ideia é poder contribuir para um intercâmbio mais forte, na certeza porém que se têm registado algumas dificuldades basicamente a nível financeiro. Quanto à questão da receptividade das propostas artísticas e da génese deste projecto, não há qualquer outro sinal a não ser o positivo, a linguagem é a mesma, ou seja a contemporânea e no meio de tantas propostas de tantos pontos do globo, a prática artística proposta por portugueses tem que sistematizar a sua presença, de outra forma parece não haver grande espaço para ela lá fora. Não deveríamos estar a assistir a uma política cultural que resulta na maioria das vezes numa "fuga" e residência de artistas portugueses lá para fora, deveríamos sim estar a assistir paralelamente a esta acção individualizada, a um apoio efectivo à internacionalização da prática artística portuguesa pela sistematização de processos de interacção e de disseminação destas práticas. Há um longo percurso a fazer, o IMAN está a fazer o seu papel, falta o envolvimento de mais parceiros que estejam a perceber a dimensão a que nos estamos a referir.

HD: Ainda outra. Na apresentação do I.M.A.N. é referida a resistência a um estado contemporâneo totalizante. Ainda é possível resistir? Como?
AARC:Encaro esta questão de um ponto de vista analítico sobre o carácter de "imediato" e "materialidade" da sociedade, que aliás e entre outros, nos fala Walter Benjamin através da questão da reprodutibilidade técnica da obra de arte...
Alertava-nos então também para o sentido crítico da obra e por isso mesmo acaba por nos trazer de volta à actualidade e à questão da lógica cultural global, esta como promotora da dispersão e "ofuscação" (estado esse, pelo seu carácter de diversão e desatenção provocado) sempre de carácter aparentemente urgente e de necessidade extrema.
Artur C. Danto (1997) de uma forma ou de outra alertou-nos para as idiossincracias deste período, a partir de uma perspectiva do fim da História, e portanto com ela a própria arte (segundo esta visão): "So the contemporary is, from one perspective, a period of information disorder, a condition of perfect aesthetic entropy. But it is equally a period of quite perfect freedom... Today there is no longer any pale of history. Everything is permitted."
No meio deste estado do real, estará, como referido, a arte e a necessidade de uma regulação da sua prática cada vez mais interna e ao mesmo tempo de forma inevitavelmente mediadora da interacção com o seu ambiente próprio que se expande tal como acontece através das novas tecnologias. Interacção essa que deverá respeitar o seu território e o do outro de forma a que as disciplinas, os media, os elementos físicos ou conceptuais da obra preservem a sua "imaginação matriarcal". De facto, uma "interdisciplinaridade" (se é inevitável pela sua própria condição que a conecta ao real, e pela interacção, a esse conceito de entropia) deverá deter-se na premissa de uma "auto-regulação" de cada um desses fragmentos "disciplinares". 
Portanto a "resistência" a que me refiro é relativa à ideia de tensão, de equilíbrio...a imagem sobre o artista em cima da corda como um trapezista (entre margens globais e outras nas quais se registam núcleos, sentidos "internos" iguais e diferentes aos de tantos outros e que se revelam num espaço "entre", num hiato, num rizoma... essa é a contemporaneidade, essa será a condição para o artista se (des)equilibrar num processo regulativo da sua prática...resistir sem cair.

HD: Não tenho mais perguntas a não ser uma clássica: o que é que destacas na edição deste ano do I.M.A.N.?
AARC:Cada uma das obras em exposição reúne uma intensidade importante para nos contaminarmos com a temática do projecto deste ano.
Poderia referir a presença na exposição e debate de Javier Tudela, uma personalidade importante para se mergulhar em territórios e sistemas abertos (referindo-nos à prática artística), numa relação entre a arte, a filosofia e a ciência.
Ainda uma especial atenção para todos os outros participantes (uns mais jovens do que outros) numa intenção clara de integração dos emergentes em ambiente de difusão da sua prática.
Há pelas 17h do dia 13 de Dezembro, exposição, debate, workshop e festa à noite pelas 23h com performances intermédia/multimédia/acção e nada...ainda e já no dia 10 haverá um grande workshop de artes plásticas que já tem as inscrições esgotadas...e depois é Berlim já em Janeiro.
Seria bom ver público (para além do geral) especializado, nomeadamente o universitário artístico no dia 13.

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