São cerca de dois milhões de euros que serão investidos no Norte de Portugal e da Galiza - através do projecto REAL (Rede de Inovação Alimentar), apresentado, sexta-feira passada, em Viana do Castelo – e que visa fomentar a inovação das empresas do ramo agro-alimentar.

O sector representa na euro-região cerca de 200 mil empresas que empregam mais de 250 mil pessoas. A dispersão das empresas, o seu reduzido tamanho, a falta de competitividade e iniciativa e o relativo isolamento de ambas as regiões são alguns dos problemas detectados no sector que está a dificultar a sua internacionalização.

"A ideia é aproximar as empresas das universidades e dos centros de investigação, para promover a inovação no sector agro-alimentar, na perspectiva de melhorar a sua produtividade e competitividade, revelou o responsável do projecto, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Eduardo Rosa, que falava à margem do seminário, realizado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo [ESTG-IPVC], em que o projecto foi anunciado e no qual participaram cerca de duas centenas de pessoas, metade delas, representantes de empresas do sector.

Financiado em 75 por cento por fundos comunitários, provenientes do programa FEDER, o projecto REAL tem a duração de dois anos e é desenvolvido por universidades e centros tecnológicos e de investigação, tendo 10 parceiros das duas regiões. Eduardo Rosa salientou que “a esmagadora maioria das empresas nem sequer tem conhecimento da existência desses centros de investigação, pelo que "urge fazer essa ponte".

Entre várias acções, o REAL pretende assumir-se como uma espécie de incubadora de projectos inovadores, colaborando na elaboração das candidaturas e na sua canalização para os programas de financiamento adequados.

Será também lançado um programa de mobilidade, para que as empresas possam visitar os laboratórios dos centros de investigação do sector, existentes nas duas regiões. A elaboração de um documento estratégico para o sector na euro-região e de um observatório faz, também, parte das acções a desenvolver.

Presente na sessão de abertura do evento, o presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Prof. Rui Teixeira, considerou como sendo “muito importante” o envolvimento da instituição neste projecto transfronteiriço. “É um projecto que investe numa área tão decisiva para a qualidade de vida das pessoas, sendo uma das áreas de maior potencial de desenvolvimento e produção de riqueza. Por isso é muito importante o IPVC estar envolvido com parceiros de elevada qualidade como as instituições de ensino superior do Norte de Portugal e da Galiza, para além do poder local e de várias associações do sector industrial”, disse, o Prof. Rui Teixeira.

Para o responsável máximo do IPVC, o projecto REAL tem, ainda, como principal característica, o facto de unir “aqueles que têm função de produzir e difundir conhecimento – as universidades e politécnicos - e o mundo empresarial que é aquele que tem a função de aplicar esse conhecimento”.

Referindo-se ao seminário realizado na ESTG-IPVC, Manuela Vaz Velho, Directora daquela Escola Superior e Coordenadora do Projecto na instituição, referiu que se pretendeu “dar a conhecer a Rede REAL, as estratégias que serão implementadas pela Rede, as quais assentarão em serviços tecnológicos, de consultoria e de formação e captar a atenção do sector empresarial para a existência desta rede tecnológica”.

Ao nível das empresas pretendeu-se “transmitir as vantagens que estas terão ao pertencer a esta rede e identificar potenciais interessados em colaborar nos projectos a realizar com a Rede REAL.”

Por outro lado, pretendeu-se ainda “identificar e transmitir a existência de programas de financiamento, fomentando a adesão ao projecto, conseguindo um custo para a entidade nulo ou reduzido; apresentar casos de empresas onde existe Investigação e Desenvolvimento, e, por fim, expor projectos de oportunidades de negócio e colaborações para a transferência de tecnologia”, acrescentou ainda a Coordenadora.