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Aluna da ESTG

Aluna ganhou à doença na escola

A mais jovem finalista da área de engenharia da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de V. Castelo é uma aluna com paralisia cerebral. A história de quem encarou a doença como um desafio.

Uma aluna com paralisia cerebral é a mais jovem finalista da área de engenharia da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, preparando-se para terminar o curso com uma média de "14 ou 15" valores.

Rosa Carreira, por todos carinhosamente tratada por Rosinha, tem 20 anos, nunca chumbou e está no último ano do curso de Tecnologia de Computação Gráfica e Multimédia. "Sou a mais nova finalista da área de engenharia mas não sou a melhor. A minha média é de 14 ou 15. Não é má, mas podia ser melhor", refere.

Com o curso no fim, sonha agora encontrar um emprego na área da criação de páginas web, já que, como confessa, os computadores são a sua grande paixão.

"Tenho computador desde os 10 anos. É claro que ainda não sei tudo sobre computadores, deve haver ainda muitos segredos para descobrir, porque este é um mundo que está sempre a evoluir. Mas já me sinto muito à vontade com eles", afirma.

A garra e a força de vontade são, segundo João Nunes, professor da cadeira de Animação 3D, alguns dos segredos para o sucesso escolar de Rosinha. "É um caso típico de quem encarou a doença não como uma fatalidade mas sim como um desafio", afirma o docente, elogiando ainda a pontualidade, o empenho e a organização que aquela aluna põe no seu dia-a-dia escolar.

Rosa vive em Fonte Boa, Esposende, a uns 35 quilómetros da escola. É o pai, agricultor, quem a transporta todos os dias, fazendo quatro viagens diárias. "Tem sido sempre assim nos últimos três anos. Vou levá-la de manhã e volto para casa. "À tarde, vou buscá-la. Por dia, faço 140 quilómetros. Mas faço isto com gosto e com amor, a pensar no futuro da minha filha", diz José Carreira, de 53 anos. "É um grande pai", reconhece a filha.

Rosa quer poupar este "trabalho" ao pai e está já a tratar de tirar a carta de condução, um processo que tem conhecido algum atraso por causa da burocracia relacionada com a doença. "Estou há nove meses à espera que me chamem para uma junta médica e, sem isso, nada feito", queixa-se.

Com o curso no fim, Rosa sabe que vai sentir saudades da escola, dos alunos, professores e funcionários, mas, como gosta de ver sempre as coisas pela positiva, sublinha que, pelo menos, se vai "livrar" do arroz à valenciana que integra a ementa do estabelecimento de ensino.

Fonte: Jornal de Notícias, 08 de Junho de 2009

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